sexta-feira, 24 de julho de 2009

Carta aberta para um amor... TU!



Há amores que não morrem, não porque sejam amores impossíveis mas porque não lhes é dada a oportunidade para crescerem, vingarem ou morrerem, então, ficam ali a pairar como sombras, fantasmas, e podem viver assim uma vida inteira. Não sei se acredito em amores impossíveis, apesar de viver um desses. Só que agora, este amor, alimenta-se da dor e não da alegria e da partilha de outrora. Tens o teu mundo povoado por outros mundos, tu amor impossível, que julgas os nossos mundos partidos sem qualquer possibilidade de união.
Ontem fugimos os dois para o nosso mundo, há muitos meses que não estavámos juntos, eu tomei a decisão e fui ter contigo... ao teu mundo e ao nosso mundo. Fui chorar a dor contigo e é tanta dor que só ontem me apercebi da dimensão da agonia da tua ausência.
O sol brilhou forte, esteve quente, as cigarras deram-nos uma osquestra e o abraço foi demorado e forte, forte como a dor, forte de tanta ausência e saudade. Vim com as flores roxas e com o teu cheiro impregnado em mim, com três horas de viagem a ouvir esta música que gravas-te para mim e que deixo aqui.
Sim, separados não só pelo peso do passado, do presente mas também por tantos kilómetros.
Não duvido que me amas como um louco mas, nada posso fazer contra o facto de achares que temos mundos partidos e que o teu está tão povoado que lutar por uma vida a dois ia provocar um caos onde não íamos conseguir sobreviver. Talvez tenhas razão mas então porque a vida nos aproximou de novo? Nos deu outra oportunidade, porquê?
Sabes amor, magoou-me o facto de teres dito que percebeste que estavas a viver uma ilusão e que não consegues viver de ilusões, para mim nunca foi uma ilusão mas uma realidade que podia vir a acontecer, mas acho que, o que querias dizer é que não tens estrutura para aguentar o que viria e que te estavas a iludir ao pensar que sim. Não te culpo de nada, faria tudo igual, apesar da dor, amar-te é dos mais belos tesouros que tenho na minha vida. E o amor é isto, é amar simplesmente sem esperar nada em troca, porque no amor não há trocas, há afectos, carinhos, amizade, loucura, paixão, desejo. Amar é libertar o outro para que ele possa ser feliz por isso fui ter contigo, para vivermos uns momentos de paz um com o outro, para que eu consiga libertar-te do peso do nosso amor. Fui falar sobre a verdade e fui chorar no teu colo, só a verdade liberta, tinha que te dizer o que disse, tinha que te mostrar o sofrimento para te libertar do peso da minha dor. Escolheste o caminho que tinhas antes, e se assim foi, é porque ele tem um peso muito grande, é porque não te podes libertar do teu passado, é porque de alguma maneira essa vida funciona e tem mais peso do que este amor. Eu compreeendo, a sério que compreendo, o que não sei é como viver com este vazio, com a frustação de nunca teres conseguido lutar por mim, com a falta da metade, tenho medo de viver neste perfeito vazio, é disso que tenho medo. Não temo enfrentar os reveses da vida, temo sim, é o vazio que me consome diáriamente, mas compreendo que talvez não fosses capaz de viver com a culpa de provocar o caos na vida de quem está ao teu lado. Mas sabes amor, ontem quando me disses-te, vem, anda ver o caos, e olhei para o amontoado de pedras que o rio arrasta com a força da corrente, percebi o caos que esta ruptura fez em mim. No entanto lá no meio do caos, estava uma arvorezinha pequena, frágil, quebrada mas teimosa, se calhar no próximo inverno, quando a força da água e das pedras avançarem para ela, talvez, talvez, ela não resista e se deixe levar pela corrente. Ou, talvez não, talvez aquela arvorezinha frágil consiga resistir, porque a bem da verdade, aquela arvorezinha parece o nosso amor, frágil, muito frágil, frágil como tu, mas ao mesmo tempo tão forte que nem o caos o consegue levar...
Amo-te apenas e só!

1 comentário:

  1. Abraço-te com força.
    Estas palavras poderiam ser escritas por mim, de viva voz, alma e coração...

    Tanto que já ouvi isso. Tanto que já ouvi o contrário...

    Se eu te falasse da minha história, querida "amiga"... Tanto de igual.

    Mas hoje... Hoje falou-se em "o amor vai vencer". Para logo, frases depois, eu perceber que não sei se a própria frase não será uma ilusão... Não sei.
    Vim ler-te agora. Falta de sono. Que me mexo e remexo na cama, com mil pensamentos. Inquieta. De uma inquietude que me visita intimamente há tanto, mas tanto tempo...

    Para mim, o amor vence. Quando tal não acontece... Será porque de algum lado ele não existiu na plenitude com que deve ser concebido, cultivado e fortificado... Tenho pena de mim ao admitir isto. É o meu cenário de vida, afinal...

    Seria bom termos a "sorte" da Paula de "até Já meu Amor"...

    Tanto que choro ao ler-vos...

    Deixo-te um forte abraço.

    A tua leitora.

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